Fiquei sabendo que estou com câncer. E agora, o que eu faço?

PorDra. Ludmila Thommen

Fiquei sabendo que estou com câncer. E agora, o que eu faço?

A notícia de um diagnóstico de câncer pode ser chocante. Independentemente do tipo do câncer ou do estágio, ouvir as palavras ‘’você tem câncer’’ pode deixar a pessoa se sentindo perdida para o que fazer em seguida.

 Alguns questionamentos que escuto:

 Vou morrer?

Como será minha vida daqui para frente?

Quanto tempo tenho de vida?

Como vou contar para a minha família?

O que farei quando ficar careca?

Vou ficar dependente de uma pessoa?

Não é fácil nos darmos conta de um processo de adoecimento e do sofrimento que vem junto, e que acaba afetando todas as dimensões… Não somente a física.

Muitas vezes me deparo com pessoas criando situações com base no processo de doença de outro paciente ou também em questões relacionadas a mitos e informações irrelevantes que estão na internet. É importante lembrar que nos EUA existem 70 milhões de sobreviventes do câncer e esse número vai aumentar constantemente. Por isso, acredite, ter câncer não é sinônimo de morte.

A tristeza e ansiedade são comuns, mas se esses sentimentos persistirem por semanas, ou se seus sentimentos estiverem impactando sua capacidade de se conectar com sua família e amigos, você deve considerar adicionar um psicólogo ou terapeuta em sua equipe de tratamento. Ainda sigo considerando que todos os pacientes e familiares próximos deveriam, pelo menos, experimentar um apoio psicológico para ajudar no lado emocional e no melhor enfrentamento do diagnóstico.

Nós somos seres de alta complexidade e, desta forma, precisamos de um tratamento e atendimento que englobe vários aspectos compartilhados pelo paciente e seus familiares. Assim, a relação interpessoal centrada no paciente associado a atitude positiva e compreensiva em relação ao outro, permitindo calor, atenção, afeição, interesse e respeito, é o que caracteriza uma relação voltada para a humanização.

Encontrar um médico e uma equipe que você esteja confortável é o passo inicial após o diagnóstico. Cada paciente tem necessidades diferentes de seus médicos. Alguns preferem médicos mais diretos, enquanto outros preferem médicos que conversem mais. De qualquer forma, o paciente e seu médico são parceiros no tratamento, então, o diálogo honesto é imprescindível desde o diagnóstico até a cura da doença.

Não tenha medo de informar ao seu médico quantas informações você deseja. Você pode ser uma pessoa que quer todos os fatos. Ou você pode preferir uma visão geral com orientações simples. Então, pergunte a si mesmo: Quanto eu quero saber?

Uma dica: quando for dia de consulta, elabore perguntas básicas que seu médico pode responder como:

Que doença eu tenho e o que devo esperar?

Qual o tratamento você recomenda?

Quais são os benefícios e os riscos? 

Como devo sentir-me durante o tratamento?

Quais efeitos colaterais?

Pergunte também com relação a alimentação, atividade física e sobre seus medos e dúvidas gerais.

O avanço na tecnologia, a respeito dos seus benefícios, acabou colaborando para o esfriamento dessa importante interação humanizada entre o médico e seu paciente. Acima de qualquer atitude, precisamos focar menos na doença e mais no ser humano que está com ela.

No meu consultório, costumo dizer para qualquer pessoa que me procure que primeiro quero conhece-la para depois ela me contar o motivo de me procurar. Criar um ambiente agradável para uma conversa franca sobre o tratamento oncológico é fundamental. Conhecer seus gostos, seu sono, como é sua rotina, o que espera de sua vida daqui para frente com certeza ajuda no melhor planejamento para o caso.

Explicar todos os possíveis protocolos e chamar o paciente para participar da tomada de decisão é importante para a qualidade da assistência e ajuda o paciente sair mais aliviado, com perspectiva das opções para solucionar ou aliviar seu problema.

A Medicina não é apenas ciência. É também arte.
Dra. Ludmila Thommen Teles

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